26 de fevereiro de 2010

"Luz das estrelas, laço do infinito, gosto tanto dela assim..."



A Andréia sabe falar, ou melhor, sabe contar, tem histórias a beça, antes quando escutava ela contando das coisas da vida tinha vontade de um dia falar igual a ela, mas nunca fui a pessoa mais eloquente, aliás, as vezes sou bem tímida, coisa que a Andréia não é. Ela gosta de dançar, igual eu, direto ela me rodava num forró até suar e depois agente se abraçava e caia numa gargalhada. É daquelas baianas fortes que não levam desaforo pra casa,vive me dizendo : Se eu pego alguém fazendo alguma coisa pra você...aaa mais eu pego..Ela diz que tem gente que fala ou faz certas coisas pra mim porque eu fico quieta, eu digo que se eu fico quieta é porque não vale a pena responder e ela retruca que não mesmo, é melhor dar uns tapas duma vez, e agente da risada disso. Ela vivia falando - Quel, vamos viajar essa costa inteirinha! Quero um amor em cadaa porrtoo!
 É engraçado, ela me apresenta para os outros como a irmã dela e eu a apresento como minha irmã. E sabe que ela é mesmo? Ela já ta decorada em mim, e eu nela. Sou feliz por conhecer a Andréia.

7 de fevereiro de 2010

6/2/2010

Hoje lí um livro que relata experiências autobiográficas da artista Sophie Calle, esse mescla as histórias com algumas fotografias que remetem às situações narradas.
É impossível ler esse livro sem lembrar de alguns episódios, bizarros ou não, que vivenciamos. Lembrei-me de alguns fatos que já aconteceram comigo e os escrevi, agora vou contá-los, não todos, em episódios:

Episódio da memória

Isso ocorreu quando meus avós ainda moravam em Potirendaba, eu devia ter uns 8 ou 9 anos, estava sozinha no quintal e olhei para o varal preenchido de roupas e lençóis que balançavam com o vento. Naquele momento, pensei em como a memória é traiçoeira conosco, as vezes esquecemos de coisas tão boas e lembramos de outras tão doloridas. Porém, naquele dia resolvi dar um golpe nela, decidi observar e guardar para sempre na minha mente aquele varal, com aquelas roupas e lençois, naquele ambiente.Hoje, 11 ou 12 anos se passaram e ainda lembro daquele varal e da minha decisão de superar a memória.


Episódio da vergonha

Quando estudava na FAAP conheci o professor J., logo de cara nos demos muito bem, tínhamos interesses parecidos e eu sabia lidar bem com o gênio forte dele. Um dia ele me presenteou com um curso de "História pela Música Popular Brasileira"  na faculdade ESPM. No primeiro dia do curso cheguei super atrasada, pois não sabia o caminho direito e me perdi. Quando entrei na sala, todos me olharam e o J., super indignado  e ofendido com o meu atraso, me apresentou e os apresentou da seguinte maneira:
- Essa é a Raquel da FAAP, super atrasada. Esses são os alunos da ESPM, bem mais legais e muito mais educados do que o pessoal da FAAP! Agora pode se sentar.
A partir daquele dia nunca mais me atrasei.


Episódio da cadeira

Este ocorreu num dia importante para a faculdade, o embaixador de Não-Lembro-Qual-País foi ministrar uma palestra para os alunos do curso de RI e lá fomos nós, eu e a minha amiga, pouco interessadas no curso e muito interessadas no nosso novo projeto: camisetas com estampas de legumes. Estávamos tão empolgadas, que só falávamos disso. Quando chegamos ao local da palestra, antes de começar, conversamos com um rapaz do nosso lado sobre a nossa idéia, e ele obviamente deu risada da idéia extravagante que tivemos e também um balde de água fria, ficamos acuadas e nos calamos para assistir a palestra boring. No meio da palestra, quando já estávamos no décimo cochilo, o rapaz do nosso lado levantou para pegar algo na cadeira da frente, mas não reparou que quando ele levantava, a cadeira que estava sentado também erguia, isso resultou no rapaz sentando em falso e eu tentando pegá-lo. A situação foi cômica, não a queda do rapaz ( tá, foi um pouco), mas todo o esforço e o grito que dei para ajudá-lo. A partir daquele momento não conseguimos mais parar de rir e de nos desculparmos pelas risadas constrangedoras para o rapaz. Até que uma hora, numa explosão de riso, dei um grito de riso contido muito alto e o ex-ministro Rubens Ricupero olhou de cima do palco para mim. Nesse momento não tinha mais jeito, levantamos de umas das primeiras fileiras e tivemos que deixar o local, no meio da palestra.

3 de fevereiro de 2010

Língua (Caetano Veloso. Velô,1984)



Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua,
“Minha pátria é minha língua”
-Fala Mangueira!

Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?