Era um grupo de sete amigos descendentes de japoneses, todos providos dos seus costumes e tradições em uma terra totalmente estrangeira. Nessa terra eles cresceram, casaram-se, criaram seus filhos e encerraram a carreira, como diria o apóstolo Paulo em uma metáfora sobre a morte. Dos sete, sobrou um, que se intitulava o sétimo samurai em referência ao filme japonês “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa. O sétimo samurai era o rei do bom humor e da boa levada. Com o seu sotaque proveniente da língua japonesa ele embalava as risadas com uma boa ópera italiana. Tomava frente de todos os brindes com um “Kampai” em alto e bom som e dizia debochado, fazendo bico, que a sua bebida era Veuve Clicquot. Ao mesmo tempo em que esbanjava a sua brasileirice com risadas e espontaneidade, ele mantinha os protocolos que lhe foram imputados em sua criação e não era de grandes contatos físicos, assim como os seus ascendentes, o seu abraço se limitava a um breve tapinha nas costas acompanhado de um “Hai”. O seu afeto era diferente. Quando ganhava um presente, ele fazia questão de usar e mostrar, com orgulho, para o presenteador. Se era uma camiseta, ele estufava a barriga, apontava com o dedo dizendo “ó” e dava um sorriso lindo. Tinha uma memória de monge e como um samurai não deixava passar nenhum detalhe da vida. Ele era todo sorrisos e se alimentava de sorrisos. Quem conheceu o Seu Luis já sorriu na vida e já brindou a vida com uma cerveja bem gelada, do jeito que ele gostava.
Homenagem ao meu avô Luis Kishimoto.