15 de novembro de 2009

Sobre memória.

Hoje tive uma palestra ministrada pelo Prof Jair Rubens de Moraes sobre "Memória e Patrimônio cultural", ele falou da relação da memória com a nossa identidade, sobre memória coletiva, subjetiva, a relação do mundo atual com a memória e por fim a relação desta com o patrimônio cultural.

Segundo o Prof Jair, na Grécia antiga, a memória era vista como algo sobrenatural, uma dádiva dos deuses, era despertada pelas Musas, filhas de Mnemosine, a deusa da memória. Hoje ela também possui um valor quase que sagrado por ser a mais profunda relação que temos com o tempo, pois ele nunca há de passar quando gravado nela, é uma evocação do passado, é a nossa capacidade de guardar coisas agora para lembrarmos no futuro e além disso, ela é o que constrói nossa identidade, somos o que lembramos e somos uma somatória de experiências, o "quem sou eu" muda toda hora pois nos criamos por meio da memória.

No mundo atual, a memória é predominantemente artificial, isso é, utilizamos de métodos, objetos, computadores, celulares para  lembrar-nos das coisas, além disso, somos constantemente atiçados a ter o novo, descartamos tudo com facilidade, portanto, estamos cada vez mais nos desmemoriando. Sem a memória, não nos respeitamos, há pessoas que são capazes de conviver anos com uma dor porque simplesmente esqueceram que antes não a sentiam, é como se já fizesse parte delas, ou então, há aqueles que esquecem o mal que já lhes foi causado em determinada situação e voltam a repeti-la.

Assim é com a cidade, quando se tira a identidade e memória desta, as pessoas não se identificam com ela e portanto não a respeitam, a importância dos patrimônios culturais é que eles fixam nossa memória, e por meio deles criamos laços sensíveis com o ambiente externo. As pessoas andam na cidade como se fossem estrangeiras, já não encontram mais aquilo que fez parte de suas histórias, aquele cenário já não lhes faz nenhum sentido, não há relação alguma entre elas e o ambiente que vivem, portanto não há cuidado com ele.

Isso de construir uma relação com o externo lembrou-me do projeto Aprendiz do Gilberto Dimenstein, ele criou uma escola a céu aberto, levou as pessoas de determinada comunidade às praças para plantar árvores, grafiteiros para pintar muros sujos, transformou becos, onde rodavam drogas, em locais para se promover arte, tudo isso teve um impacto tremendo no bairro, as pessoas criaram laços com o ambiente e dessa maneira passaram a respeitá-lo.

2 comentários:

Chang disse...

Boa! Gostei também de quando ele falou sobre o "eu sou o que os outros não são". E sobre o problema dos professores de escola, apesar de discordar de alguns pontos..

Vitório M. M. Papini disse...

Quantas descobertas vc tem feito... o interessante é que cada uma delas traz também uma série de dúvidas... assim é a vida... esse é o jeito humano de existir... o mais complexo de todos... porque podendo ir além de si, como nenhum outro é capaz, acaba fixado apenas em suas próprias expectativas... se individualiza...que paradoxo, não é mesmo, Raquel.
Teu brógui tá bem legal...
Também tenho um brógui... www.digite.blogspot.com