4 de outubro de 2009

Reflexo

Me olho no espelho para buscar beleza que me faça ser merecedora tua, tudo o que vejo é efêmero, os traços no meu rosto fazem-me lembrar da parábola dos vinhos novos em odres velhos, só que ao contrário.

Das coisas que vivi, sei que guardei bem o que podia aprender e sei também que faltam saberes por outras que não experimentei. Os desgastes do dia-a-dia passam pelas minhas linhas de expressão como se fossem águas correndo entre as pedras, e dessa maneira, vão moldando os seus caminhos durante os anos.

Já fui sertaneja sem visitar o sertão, já fui arguta, já fui ardilosa, já fui arcaica, já fui pagã, já fui santa, já fui vidente, já fui amada, já fui odiada, já fui feliz, já fui triste, já fui noite e já fui dia, de todas as coisas que passei , tentei guardar meu coração, em algumas um pouco me deixei e de outras me separei.

Sou assim como me vê, mas não fixe essa imagem, pois tudo passa, e essa que é hoje, amanhã poderá será outra, que depois de amanha será outra, e outra, e outra, outra...

Não me importa mais a vagueza dos acontecimentos, me prendo nos símbolos, esses sim me dão alguma felicidade. Com eles eu abaixo a cabeça para fazer uma oração, sorrio sem falsidade para as pessoas, coloco flores nos livros, escrevo cartas e peço bênça prá vó. Descobri que não me basto, mas para alguém posso ser o suficiente. Se não te sirvo, me descarte e saia logo de mim, mas se quiseres minha companhia até no meu silêncio, me entrego a ti sem fim.

Um comentário:

Cleyton Cabral disse...

Que bom que gostou de "O amor é um balão de festa". Gostei daqui tbm. Vc escreve bem que só. É tão legal como vc se vê. Beijos. =D